segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Que seja muito prazer e em grande estilo


Hoje é um daqueles dias que eu considero perdido, considerava aliás, considerava até alguns momentos atrás, micro segundos.

Explicando - HOJE É UM DAQUELES DIAS EM QUE NÃO CONSIGO FAZER NADA!

Não consigo montar uma aula decente, não consigo lavar a louça, não consigo ler um texto, não consigo comer direitinho, não consigo estudar, não consigo arrumar a bagunça a minha volta, não consigo nem querer tomar banho....confesso.

As roupas para colocar na máquina, o chão do quarto precisando de uma vassoura, as poesias que não saem das 2 primeiras estrofes....simplesmente não consigo!

Em dias assim eu me atolo no marasmo, fico sem saber se vou para a esquerda ou direita, o que começo e o que acabo, e daí não faço nada, nada que preste ao menos, nada que preste ao menos na minha visão, aquela da educação.

Em dias assim a ansiedade vai as alturas, e para não explodir, que é essa a impressão que tenho, que vou ficar catatônica de vez ou sair gritando por ai, para não cair no buraco sem fundo procuro o escape, a besteira, o jeitinho, o vício

Sim, o vicio, o meu vício, e se você que leu até aqui não tem nenhum e é uma pessoa super-hiper-mega-extra-bem resolvida, pode parar de ler e vá salvar o mundo, nem precisa continuar o texto, não vai entender nadica de nada.

Mas enfim, o vicio, o meu, é assistir filmes, até agora foram 5, comédias obviamente foram 3 e ficção cientifica 2, até agora, ainda vou me chafurdar muito mais no filme, pode ter certeza, até a uma da manhã tem chão.

Só que em vez de aproveitar plenamente, soltar a risada, gritar quando eles gritam, cantar a musiquinha de fundo, me espantar nas horas certas, nada disso acontece, eu não me entrego ao prazer que isso poderia me dar.

Eu me acomodo, ou melhor dizendo, eu me incomodo na cadeira menos confortável, aquela que dói as pernas e não tem um bom encosto e assisto os filmes como se estivesse sendo obrigada, torturada. Fazendo algo delicioso da pior forma possível.

Tá parecendo loucura né? E é. 

É uma daquelas coisas que fazemos mas nos sentimos incomodados ou envergonhados com isso - O que? perdendo um tempo tão precioso assistindo esse monte de baboseiras? E nem é domingo! Tsc tsc tsc

Pois é, o meu juiz interno me inferniza a vida, a vida toda, quando estou fazendo algo errado, na opinião dele, e quando estou fazendo algo certo também, afinal meu certo não é tão certo.

Verdade que fui fazer pipoca, pouca, sem refrigerante para acompanhar, nem um suco qualquer, até deixei ficar meio queimada, e comi como se fosse acelga, só engolindo, sem pensar, sem curtir, sem aproveitar o momento.

E por que exatamente isso acontece? Deve se perguntar a pessoa que se permite tudo, que aproveita a vida sem precisar de recibo do amanhã.

Incógnita para quem é jovem demais para cuidar da sua própria vida, óbvio para quem tem que segurar o rojão dia após dia, dar conta do recado, resolver o pepino, descascar o abacaxi com os dentes.

Me ensinaram e isso continua, pode ter certeza, que a vida é algo que você precisa "fazer" por merecer, ela é sagrada, é preciosa, não é uma coisa para se jogar fora, desperdiçar com besteiras que não levam a nada, é preciso evoluir.

Evoluir na nossa sociedade é produzir bastante, para ter bastante $$$$ e ai consumir mais, e produzir ainda mais, tipo hamster na rodinha, você já é maratonista mas nunca vai alcançar a medalha.

O que eu estou produzindo aqui com meu vicio filmesco??? 

Para a sociedade diretamente, nesse momento, nadica de nada, indiretamente é claro que estou mantendo (e muito!) o emprego que quem trabalha no cinema, mas agora, imediatamente, quem esta no lucro sou eu e mais ninguém.

O prazer é só meu (deveria ser!) é isso, eu não me permito esse prazer, esse prazer a toa, fui treinada para não admitir isso, jogar meu tempo fora com prazer unicamente pessoal e sem sentido.

Pronto, os filetes do neurônio deram curto circuito e percebi - Já estou fazendo! Deveria ESTAR aqui! Mas não estou! 

Quando faço isso da pior forma possível, me julgando, me maltratando, impedindo de realmente deixar o marasmo e a ansiedade ir embora, eu não me apoio, eu não estou em mim, eu retenho o problema e crio outro, maior.

Ok, então que eu esteja presente, realmente presente, de corpo, coração, alma, de tudo e por tudo, pela vida que é breve para se torturar tanto, pela oportunidade de estar sendo feliz, rindo, se divertindo, grata a isso e principalmente grata a mim mesma, mesmo que tal ideia não seja compartilhada por outras pessoas.

MAIS PIPOCA!!! CADEIRA BOA!!! Que seja muito prazer e em grande estilo!

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