segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Perdendo a perda de tempo


Ontem enfrentei o conceito mais recorrente e viciante do nosso mundo atual, o "eu preciso fazer...", tem também a versão "eu ainda tenho que fazer....". 

Sabe o que é? 


Aquela coisa de estar assoberbado pelas tarefas, ter tanta coisa para fazer e tão pouco tempo, coisa de gente moderna, que tem aparelhos mil e tecnologia para deixar a vida mais fácil e simples mas não consegue.


O pensamento fica igual disco riscado, voltando e voltando, para as coisas que ainda precisam ser feitas, estão na lista das necessidades, ninguém fará por mim, já estão há algum tempo atrasadas..e por aí vai.


É mais um minuto e estou finalmente liberada para meditar ou eu leio aquele artigo interessante da revista de tarde ou agora não dá para fazer uma aplicação de reiki mas de noite ou no final de semana eu consigo elaborar minha rotina...e por ai vamos.


Todas as coisas do dia a dia  acabam sendo mais importantes, urgentes e necessárias do que a auto cura, o equilíbrio emocional ou resolver as velhas encrencas que nos incomodam tanto.


E a mente engana, ela lhe acena com um dia ou horário ou minuto imaginário em que finalmente vai ser possível relaxar, baixar a guarda da pressão e fazer aquilo que queremos tanto para nós mesmos, mas não conseguimos.


Pura enganação!!! Eu sei que é mentira, você sabe que é mentira, mas acreditar virou uma forma de deixar para lá.


O que não desconfiamos é que por trás disso estão os hábitos, os guardas da prisão dos conceitos, eles não permitem o vai e vem livre da ideia, estamos sempre fazendo um caminho pré determinado.


É inconsciente, quando você percebe já fez. 


Igual sair de carro para trabalhar - pronto, chegou! e nem sabe dizer ao certo como foi sair de casa, o caminho, os faróis....a mente facilita tudo colocando no automático.


Isso é porque temos muito o que pensar, muito a elaborar, é tanta coisa na cabeça da gente, se tudo fosse consciente seria super cansativo e daria um pane no cérebro.


Veja bem, o coração bate sem ninguém precisar mandar, o corpo produz inúmeras substancias necessárias para seu funcionamento, se auto regula, mas para isso precisa colocar algumas coisas na rotina do "nem vou pensar conscientemente nisso, vai no cheiro".


Fazemos coisas incríveis apenas por hábito, respondemos, avaliamos, perguntamos, reagimos, fugimos, enfrentamos, estranhamos ou não. 


Também deixamos de fazer muitas coisas por hábito, principalmente as coisas que não são ligadas a sobrevivência física, recompensa ou prazer imediato. 


E fazer tudo certinho é importante para a sobrevivência, ganhamos amor, amparo, aceitação, não vamos ficar sozinhos nesse mundo imenso e perigoso.


Somos treinados a ser fazedores, desde pequenos, instados a estar realizando coisas e coisas, também acumulamos feitos e com isso conseguimos status, sucesso profissional e naturalmente amigos.


Então todo dia eu fico me debatendo entre as coisas do dia, da semana, do mês, a casa, o quintal, o estudo, as cachorras, é tanta coisa, é tão pouco tempo, a vida é curta para curtir a vida.


Pois é! Ops, pois era! 


Era assim, nunca tinha tempo para uma auto aplicação decente, tinha é verdade a rapidinha, meio desleixada, na hora de dormir, ou aproveitando horas mortas como espera no dentista ou no ponto de ônibus, mas tudo semi intencional.


Então ontem eu me sentei, por uma hora e meia, consciente, determinada e direcionada a apenas fazer Reiki, dentro do plano de auto tratamento, como faria a um paciente.


Deixei de lado a roupa para lavar, o quintal que precisava ser limpo, os papeis bagunçados precisando de organização, sair para comprar uma mangueira nova e outras dezenas de coisas.


Deixei tudo para lá e apenas sentei para aplicar Reiki na pessoa mais importante do mundo, a unica que pode realmente mudar minha vida.


Só então consegui perceber a força que isso traz, sair do corre corre, da personagem do realizador, que é loucura mas é uma loucura comum.


A mente foi se desanuviando, o corpo foi relaxando, veio uma sensação de contentamento, a vida começou a parecer menos complicada, e eu comecei a me sentir mais capaz de lidar com tudo.


Apenas parar tudo e se aquietar. Um grande remédio, e já tão ensinado e debatido por iogues, monges, lamas, xamãs, pessoas conscientes, em tudo, presentes.


Ali estava eu, também presente e me presenteando com tempo para meu eu espiritual e suas coisas imponderáveis.


Isso deve ser o tal de observar o nada dos budistas, do voo do espirito dos xamas, sentir apenas a si mesmo, estar apenas consigo mesmo.


Hoje meu despertador interno tocou na hora do Reiki, a mente desligou tudo que ainda tinha para fazer e tão tranquila eu fui para a minha cadeira, mergulhar em mim mesma.


Hoje foi muito gostoso. Amanhã vai ser melhor.

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