segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Faça o que é bom agora



PROCRASTINAÇÃO.

Grande, complicada, dolorosa quando acontece de forma crônica, essa palavra esta mais para palavrão.

E o brasileiro é o Príncipe da Procrastinação, a coisa de deixar para o ultimo dia, os últimos minutos, se tornou um habito, péssimo habito, mas comum entre nós, de idosos a crianças, chefes e subalternos, mãe e filha, todo mundo tem um pouco.

O empurrar com a barriga, enrolar, deixar para a morta súbita, comer uns minutinhos, seja como seja chamada é aquela mania de não conseguir se programar e fazer antes, na hora certa, da forma certa, parece até que a pessoa precisa da adrenalina do desespero e afobação do tempo curtíssimo para dar seu passo. 

O regime que vamos começar na segunda (e anos de segundas se passam), o relatório que "vou elaborar melhor no final de semana", o amigo magoado que já perdoamos e até esquecemos o motivo do desentendimento mas ainda não mandamos aquele e-mail de "vamos voltar as boas", o emblemático pagamento de contas em que as 20:00 h bate o desespero para encontrar uma lotérica aberta, e acredito que essa foi uma coisas que levaram a criação do pagamento digital, deixar para o minuto além do minuto.

Mas não tem nada mais sufocante que a procrastinação. Primeiro porque nos pegamos na ratoeira do desespero e surpresa (de novo ??? ), segundo porque aos olhos dos outros fica parecendo preguiça, incompetência e muita má vontade, e acontece é claro, quando perdemos prazo, uma perda financeira, que às vezes parece pouco, mas somando umas e outras, fica duro, como pagar multa por entregar o imposto de renda atrasado ou pagar o aluguel com 10% de multa ao mês mesmo que tenha passado apenas um dia.

Será difícil encontrar essa mania na Suíça, Japão ou Alemanha, é que lá eles recebem uma educação de prevenção, programação, elaboração antecipada, e isso ajuda nos estudos, na resolução de possíveis problemas a longo prazo, no bem estar financeiro, até mesmo na saúde física (vê-se que o Japão é o país que tem mais centenários).

Se falta educação básica para elaborar nossa vida a longo prazo, com todas suas necessidades, datas e eventos, existe também uma coisa de confrontação quando deixamos tudo que precisamos para depois, é mais ou menos como apertar a SONECA quando o alarme toca para nos acordar, esses minutinhos a mais nos parecem mais reparadores e gratificantes do que se programar para ir dormir um pouco mais cedo.

Quando nos antecipamos nos sentimos  quase um escravo do tempo e das responsabilidades, a vida parece tão mais curta, quando enrolamos estamos falsamente capturando uns minutos a mais e com esse presente parecemos conseguir um pouco de vida extra.

Só que no correr da carruagem vem o desespero, a data premente aperta a cinta em volta do pescoço, a avaliação que precisa ser entregue daqui a alguns minutos, o relatório rabiscado que ainda não conseguiu tomar a forma no papel, a prova final de tarde, o dinheiro que acabou e não comprei o remédio, as roupas que não servem mais perto da festa tão esperada.

Pois minutinhos fazem a diferença, e como !!! Imagine esses minutinhos a mais aplicados numa emergência médica, é a diferença entre a vida e a morte ! E nem precisa ser tão drástico, mas é complicado o "um pouco depois" quando estamos com aquela tintura nova no cabelo. Tudo que passa o prazo, passa o tempo, passa seu momento é igual leite passado do ponto, ferve, derrama ou talha.

E vida elaborada não é vida desperdiçada, ao contrário, é vida  MELHOR APROVEITADA, pois ai compreendemos e podemos ver a dimensão dela, do tempo gasto, dos furos, do que esta tomando a mais o dinheiro, diferenciar o amigo que é amigo daquele que só dá um alozinho de vez em quando mas foge nos percalços que passamos e até as resistências que estamos criando em viver com melhor qualidade.

Então se quer MESMO perder aqueles quilinhos inoportunos que já estão interferindo na circulação, na respiração e nas articulações comece por elaborar o menu para seu reequilíbrio alimentar, e veja onde pode comprar os ingredientes, além de quem e como fazer, até mesmo o restaurante mais indicado para sua programação caso coma fora.

Quanto temos tempo, quando nos programamos não é preciso fazer as dietas malucas das revistas de moda ou femininas, que prometem 7 quilos numa semana para ficar prontinha para o verão, pois você já estará pronta e não terá que se submeter a técnicas e situações perigosas, danosas para a saúde, caras e que não garantem que você conseguirá manter o peso.

E chega de reclamar do salário baixo, que sobra mês no final do dinheiro, vá a luta e analise o mercado de trabalho, veja o que lhe dará esses $$$ a mais, pode ser fluência em outro idioma, ou uma graduação, mas pode ser também mudar o curso profissional, ir para outros lados nunca antes imaginado, que lhe trará nova satisfação e equilíbrio financeiro.

Nem vou falar do relacionamento amoroso complicado !! Ou devo ???

A mente parece compreender que não é satisfatório ou adequado, mas o corpo quer sempre um aconchego de outro corpo, mesmo a simples sensação de ter alguém por perto, pois a vida não parece tão dura quando compartilhada.

Mas o que isso tem a ver com procrastinação ? 

Tem na medida que ao procrastinar uma coisa tão intensa quanto dar nova forma num relacionamento estamos nos preservando de mexer numa coisa que dói, é como limpar uma ferida, incomoda muito mas é necessário para o processo de cura. 

Então procrastinar é também uma ferramenta para evitar a dor, ameniza-la ou mesmo tentar contornar o problema.

E existem coisas que não conseguimos fazer porque uma parte nossa precisa ser elaborada, cuidada, entendida para que isso aconteça. 

Por isso que muita gente só acaba um relacionamento quando já engatou outro, mesmo que isso pareça tão feio aos nossos olhos e cause sofrimentos sem conta.

Então pare de empurrar um relacionamento amoroso insatisfatório com a barriga pois no mínimo vai criar mais barriga. 

Encontro de casais, terapia, procurar algo em comum, conversar quando estão bem (não deixar para falar apenas no momento da briga), entender e aceitar que todos mudam por dentro e é possível também mudar o relacionamento por fora.

Mas no extremo acabar um relacionamento amoroso  não significa que um dos dois ficou pior, só diferente, e nem significa que tudo foi uma completa perda de tempo, um desastre, mas uma experiência que chegou ao fim.

Você não esta errada e nem o outro, é hora de praticar a mudança que já ocorreu em níveis íntimos.

Agora, tem gente que procrastina o próprio sucesso, sua própria cura, ficar feliz, tem muita gente alias, e isso esta mais ligado a auto imagem, aquelas percepções intimas da nossa capacidade, do potencial que temos como ser humano. 

Mexer nisso parece como enfiar a mão numa caixa de marimbondo, a dor chega a ser tão pior do que não conseguir aquela nova forma física, o cargo almejado ou aquela viagem tão esperada.

CRIAR SINTONIA CONSIGO MESMO é algo imprescindível no processo de auto cura, principalmente na procrastinação como forma de auto punição, tanto para saber a origem como para separar que não é seu. 

É preciso trazer a mente para um estado tranquilo e alerta ao mesmo tempo para vencer a tendência a deixar tudo para amanhã, esses estados aparentemente diferentes são parceiros nas boas decisões.

Vamos também olhar e reconhecer nossa força anímica de reação e mudança, o medo do confronto, a baixa auto estima, medo de novas idéias e situações.

Rever o passado é inestimável, comece na sua própria concepção, o momento que seus pais lhe fizeram, vá caminhando pela sua infância com disposição a entender.

Mesmo que nem tudo tenha sido adequado, maravilhoso, ou nem um pouco positivo, é possível agora se tornar uma pessoa equilibrada e cheia de pique para vencer os percalços da vida.

Dê um voto de confiança para si mesmo, ame a pessoa que esta ai, sem maquiagem, imperfeita e ainda com muitas coisas a resolver.

Coloque amor no dia a dia, deixe essa força envolver cada ponto da sua vida, a torne melhor, mais dinâmica, fluindo sem os bloqueios dos medos e hábitos antigos.

Que seja muito prazer e em grande estilo


Hoje é um daqueles dias que eu considero perdido, considerava aliás, considerava até alguns momentos atrás, micro segundos.

Explicando - HOJE É UM DAQUELES DIAS EM QUE NÃO CONSIGO FAZER NADA!

Não consigo montar uma aula decente, não consigo lavar a louça, não consigo ler um texto, não consigo comer direitinho, não consigo estudar, não consigo arrumar a bagunça a minha volta, não consigo nem querer tomar banho....confesso.

As roupas para colocar na máquina, o chão do quarto precisando de uma vassoura, as poesias que não saem das 2 primeiras estrofes....simplesmente não consigo!

Em dias assim eu me atolo no marasmo, fico sem saber se vou para a esquerda ou direita, o que começo e o que acabo, e daí não faço nada, nada que preste ao menos, nada que preste ao menos na minha visão, aquela da educação.

Em dias assim a ansiedade vai as alturas, e para não explodir, que é essa a impressão que tenho, que vou ficar catatônica de vez ou sair gritando por ai, para não cair no buraco sem fundo procuro o escape, a besteira, o jeitinho, o vício

Sim, o vicio, o meu vício, e se você que leu até aqui não tem nenhum e é uma pessoa super-hiper-mega-extra-bem resolvida, pode parar de ler e vá salvar o mundo, nem precisa continuar o texto, não vai entender nadica de nada.

Mas enfim, o vicio, o meu, é assistir filmes, até agora foram 5, comédias obviamente foram 3 e ficção cientifica 2, até agora, ainda vou me chafurdar muito mais no filme, pode ter certeza, até a uma da manhã tem chão.

Só que em vez de aproveitar plenamente, soltar a risada, gritar quando eles gritam, cantar a musiquinha de fundo, me espantar nas horas certas, nada disso acontece, eu não me entrego ao prazer que isso poderia me dar.

Eu me acomodo, ou melhor dizendo, eu me incomodo na cadeira menos confortável, aquela que dói as pernas e não tem um bom encosto e assisto os filmes como se estivesse sendo obrigada, torturada. Fazendo algo delicioso da pior forma possível.

Tá parecendo loucura né? E é. 

É uma daquelas coisas que fazemos mas nos sentimos incomodados ou envergonhados com isso - O que? perdendo um tempo tão precioso assistindo esse monte de baboseiras? E nem é domingo! Tsc tsc tsc

Pois é, o meu juiz interno me inferniza a vida, a vida toda, quando estou fazendo algo errado, na opinião dele, e quando estou fazendo algo certo também, afinal meu certo não é tão certo.

Verdade que fui fazer pipoca, pouca, sem refrigerante para acompanhar, nem um suco qualquer, até deixei ficar meio queimada, e comi como se fosse acelga, só engolindo, sem pensar, sem curtir, sem aproveitar o momento.

E por que exatamente isso acontece? Deve se perguntar a pessoa que se permite tudo, que aproveita a vida sem precisar de recibo do amanhã.

Incógnita para quem é jovem demais para cuidar da sua própria vida, óbvio para quem tem que segurar o rojão dia após dia, dar conta do recado, resolver o pepino, descascar o abacaxi com os dentes.

Me ensinaram e isso continua, pode ter certeza, que a vida é algo que você precisa "fazer" por merecer, ela é sagrada, é preciosa, não é uma coisa para se jogar fora, desperdiçar com besteiras que não levam a nada, é preciso evoluir.

Evoluir na nossa sociedade é produzir bastante, para ter bastante $$$$ e ai consumir mais, e produzir ainda mais, tipo hamster na rodinha, você já é maratonista mas nunca vai alcançar a medalha.

O que eu estou produzindo aqui com meu vicio filmesco??? 

Para a sociedade diretamente, nesse momento, nadica de nada, indiretamente é claro que estou mantendo (e muito!) o emprego que quem trabalha no cinema, mas agora, imediatamente, quem esta no lucro sou eu e mais ninguém.

O prazer é só meu (deveria ser!) é isso, eu não me permito esse prazer, esse prazer a toa, fui treinada para não admitir isso, jogar meu tempo fora com prazer unicamente pessoal e sem sentido.

Pronto, os filetes do neurônio deram curto circuito e percebi - Já estou fazendo! Deveria ESTAR aqui! Mas não estou! 

Quando faço isso da pior forma possível, me julgando, me maltratando, impedindo de realmente deixar o marasmo e a ansiedade ir embora, eu não me apoio, eu não estou em mim, eu retenho o problema e crio outro, maior.

Ok, então que eu esteja presente, realmente presente, de corpo, coração, alma, de tudo e por tudo, pela vida que é breve para se torturar tanto, pela oportunidade de estar sendo feliz, rindo, se divertindo, grata a isso e principalmente grata a mim mesma, mesmo que tal ideia não seja compartilhada por outras pessoas.

MAIS PIPOCA!!! CADEIRA BOA!!! Que seja muito prazer e em grande estilo!

Fingir para facilitar a vida dos outros


Por acaso vi num blog a seguinte frase "A maior virtude do ser humano, é manter um sorriso nos lábios enquanto o coração explode de dor."

Para a pessoa que escreveu se trata de um aspecto positivo do ser humano, seria a demonstração de um poder e grande capacidade.

Analisado de uma percepção profunda é apenas a estimulação e valorização da mentira,  fingir para tornar mais confortável a vida dos que nos cercam.


E por que deveríamos manter um sorriso nos lábios enquanto o coração explode de dor?


Esse é o preço exigido para receber amor, atenção, tolerância, pertencimento?


Estamos num mundo de aparências, mas é mais do que isso, é um mundo de manipulação, emparedamento, é um mundo onde somos treinados a dois tipos de condutas diferentes, a social e a privada.


Um mundo de pura ilusão, onde não somos o que mostramos e nem conhecemos precisamente aquilo que somos. Apenas estamos.


Carregados pelos nossos medos, fobias, desejos, raivas, compulsões, crenças, limites, pudor, tateamos o mundo fazendo o que todos querem em busca de aprovação, proteção, aceitação.

Eu me confrontei algumas vezes com as mentiras funcionais alheias, principalmente quando fiquei com câncer.


Amigos diziam que me visitariam, prestariam ajuda, estariam ao meu lado, pau para toda obra, a qualquer momento, bastaria pedir, gritar, levantar o dedo.


Pois é isso é o que se espera que amigos digam, no entanto foram apenas palavras vazias, desejos, hipóteses, em algum momento num futuro imaginário.


Porque é muito feio dizer - Câncer, que horror, eu não tenho estrutura para lidar com isso, vou manter distância!


A obvia verdade, mas uma feia verdade, dize-la seria de uma transparência chocante, mentir é mais doce, fingir é mais confortável, para nós e principalmente para o outro.


Assim vivemos na ilusão da eternidade, sem precisar nos confrontarmos com as coisas tristes e inevitáveis do mundo, velhice, doença, morte.

Estoicamente recebia aqueles falsos sorrisos e falsas palavras de apoio refletindo sobre a incapacidade de demostrar o que sentimos e pensamos.


Tanto desejamos a verdade, tanto vivemos chafurdados na mentira.


Falava ok e suspirava de exasperação por estar participando daquele faz de conta que, quando somos crianças é tranquilizador, mas entre adultos é idiota.


Falava ok para acabar logo com aquela farsa, em que a dor do outro em confrontar a minha dor é intolerável.


Já li em algum lugar que sofre muito mais quem sobrevive, por exemplo pais sobrevivendo a perda de um filho.


É assim porque estamos  mergulhamos no EU, MEU, PARA MIM, DE MIM, de forma tão profunda que desrespeitamos a dor do outro.


Não seria bem melhor sentir e participar, chorar, até pedir perdão por não conseguir lidar com isso?


E nunca, em hipótese alguma, exigir que aquele que sofre mantenha um sorriso nos lábios só porque somos covardes e omissos.

Odeio a solidariedade de mentira, os conselhos inócuos, a bondade de aparência, para todos verem, para marcar presença e não pagar pau de má pessoa.


Mas tem algo pior, quando somos confrontados pelos outros, que numa verborragia ensandecida expõe e explica nosso grande erro,  talvez maus hábitos alimentares, estresse, falta de amor próprio, falta de deus.


São coisas estupidas e sem sentido que pessoas vazias e sórdidas adoram dizer! 


É claro que elas não se acham erradas e más, mas abençoadas por estar nos trazendo tão preciosas palavras.


Isso é sadismo travestido de boas intenções, o outro tentando nos jogar na cara como somos incompletos, burros e incompetentes, por isso estamos doentes, mas eles não, eles são protegidos pela sua pureza e perfeição.


"CONFIE EM DEUS" é outras das besteiras que se fala como se fosse uma metralhadora que pudesse destruir uma doença grave, matar o cerne de uma célula cancerosa, destruir o vírus da AIDS, limpar totalmente o corpo de uma distrofia causada por uma doença degenerativa ou mesmo curar automaticamente  Alzheimer. 


Quer dizer que quem confia em deus não adoece e não morre?


Já chegaram a me aconselhar a "CAIR DE JOELHOS E PEDIR PERDÃO PARA DEUS", dito por uma pessoa que não me conhecia, dentro do meu serviço, ao me ver careca pela quimioterapia. 


Me deu vontade de cair de joelhos e pedir uma coca cola light geladinha e uma fatia de pizza de provolone naquele momento.


É claro que antes eu pediria que a falta de compaixão fosse extirpada da face da terra, pulverizada, não sobrar nenhum átomo da ideia imbecil que sabemos cuidar da vida alheia.


A dois dias mesmo, enquanto esperava o preparo de um medicamento para uma das minhas cachorras "tive" que ouvir um desses conselhos da idade média - que doença, em cão, se cura orando para Bezerra de Menezes.


É claro que essa mesma pessoa estava comprando para ela mesma e para seus familiares medicamento alopático. 


Quando me viu relutante em aceitar sua receita ainda afirmou - Seus animais vão continuar doentes, lhe falta fé! 

Uma frase que, em algumas culturas seria considerada uma maldição, uma praga, um mal falado, isso vindo de uma espírita. Que imenso amor fraternal!


Por que simplesmente não nos mantemos calados, aceitando e admitindo que não sabemos, não temos soluções, essa é a vida, e ficarmos apenas ali, compactuando nossa humanidade?


A presença bondosa é o que tem de mais precioso, a presença que não julga, não tem pressa em fugir para sua vida controlada, apenas esta ali, respeitando sua dificuldade
.

Você tem fome do que?


A fome pode ser de carinho, aceitação, satisfação, prazer, reconhecimento, zelo, alegria, liberdade, amor, pai e mãe presente, plenitude, autenticidade, espaço.

Tantas coisas estão misturadas a sensação que traduzimos como "fome", e que podem ser coisas que não sabemos como lidar, não queremos lidar, não aprendemos a lidar ou nem percebemos que estão ali.

Coisas que vão ampliando nossa ansiedade, nossa necessidade, nossa voracidade, nos levando a constante procura pelo alimento apoio emocional, alimento para a alma mas que machuca o corpo.

A vida interior se estreita e a fome exterior se amplia, é preciso sempre mais para nutrir o eu pequeno, é preciso muito prazer para cobrir a sensação de miséria que esta ali, mesmo quando não somos miseráveis.

Então o corpo se amplia, se alonga, ocupa um espaço que a alma sente que precisa, mas que a consciência não percebe como tal, e para a mente racional tudo é ilógico, e vem a vergonha, enorme, que no entanto não sobrepuja a carência.

Se forma um ciclo vicioso, carência-desejo-procura-tensão-descontrole e assim o corpo se transforma em um castelo, onde de uma janela uma pessoa perturbada, frágil ou desorientada observa a não vida, o não eu.

Num dado momento a dor lhe remete a consciência do seu engano, que vem em palavras cortantes como "gorda", "feia", "disforme", "obesa", "banhuda", "elefante", palavras que correm a sua volta e lhe fazem fechar os olhos com força.

É um ser humano com braços, idéias, habilidades, sorriso, nome, família, sonhos, mas tudo isso se apaga diante da palavra "gorda", como um emblema que gruda na testa, 24 h, uma confirmação - INCOMPLETA, INADEQUADA.

Essa fome que não quer calar, como uma ruido que fica ali, ao fundo, sempre constante - EU PRECISO! - as vezes curtos gemidos, sussurros, em outras gritos assustadores - EU PRECISO! EU PRECISO! EU PRECISO!

Essa fome que não quer parar se transforma num grito de transgressão, acusação contra o mundo que lhe oferece, lhe atiça, e depois acusa, aponta, ri da sua necessidade, humilha.

Houve um tempo em que a comida era difícil e a fome era um alerta da sobrevivência, então veio a fartura e a comida se tornou um meio de socialização, comemoração, ascensão social.

Na tv, em cartazes, em cada esquina, nas revistas a comida lhe chama numa pagina e o regime na outra, convivem tão próximas a gula e o despojamento, o prazer oral e a imagem da sua negação.

Tudo lhe diz - COMA! E tão fácil comer.

E logo depois lhe cobram - MAS NÃO ENGORDE!

Diariamente somos massacradas por imagens de mulheres muito magras, símbolos de poder, felicidade, sucesso, e somos também sacudidas por tudo aquilo que não temos, a boa vida, a perfeição, então buscamos o prazer que podemos, fácil ali.

Estamos descontroladas, não sabemos como e o que fazer, estamos presas as armadilhas do habito, a recompensa imediata, a sociedade acusa mas não educa, a sociedade não assume sua parcela de culpa.

No entanto, mesmo desorientadas e doentes, ainda temos o poder e o direito de viver outro personagem, assumindo que somos responsáveis pelas nossas escolhas.

Saindo do papel de vitima, tirando a sociedade do papel de vitimadora, abraçando a habilidade de conduzir a vida, escolhendo hoje não apenas o caminho fácil, o caminho das sensações agradáveis, mas olhando dentro do vazio que esta lá.

A fome de vida não se sacia com a comida, a fome de vida se satisfaz quando tomamos a vida para nós, reafirmando que merecemos e podemos, que não somos mais uma parte mas uma pessoa inteira e capaz, do nosso jeito, agora.

Eu quero viver sem me agredir com a arma da comida, sem me proteger com o escudo da comida, sem me embalar com o conforto da comida, sem me enganar com o prazer da comida.

Se amar é ir contra a corrente num mundo que precisa nos fazer acreditar na insuficiência para ter lucro.

Eu quero me amar hoje, amanhã e a todo momento, mesmo que não seja um bom momento, mesmo que seja um péssimo momento.

Jogue fora seus sapatos velhos!!!!



Tênis velho, sapato velho, chinelo da vovó...

Não tem coisa mais gostosa do que aquele calçado que de tão usado, lasseado, amassado, se molda ao pé, como se estivéssemos descalços.

Não podemos usá-lo numa festa é verdade, nem no trabalho, nem para um encontro, sair com ele só rapidinho na esquina para colocar o lixo, é coisa para usar escondido, em casa, sem frescuras.

Velho, sujo, encardido, rasgado, suado, até meio seboso, mas não machuca o dedão torto, não aperta a unha encrava, não tira lascas da planta do pé e nem atrita o calcanhar rachado, nada o supera em termos de conforto.


E conforto é a maior busca do ser humano, conforto ok, esquece essa coisa que você vê em filme, propaganda, mitos da juventude, a coisa de que o ser humano quer ação, movimento, ousadia, aventura, loucuras.

Ser humano quer é conforto, sossego, paz, prazer, é preguiçoso, acomodado, tem medo de novidade, inventa de tudo para facilitar sua vida, ter menos trabalho... Homos Controle Remoto.

O homem só desceu da árvore, só deixou seu macaco para trás, porque todas as facilidades que tinha ali já haviam terminado, ele precisou descer, buscar algo mais, foi forçado.
Evoluiu muito fisicamente, mas ainda guarda seus sapatos velhos.

Tem namorada(o) estepe, armário cheio de roupa que não usa mas pode precisar um dia, amigos que perdeu a conexão, emprego chato mas seguro, casamento de fachada, salão de cabeleireiro que frequenta a 10 anos, sanduíche rotina na lanchonete "esse lugar é conhecido".


Assim que o ser humano sente um prazer, um conforto qualquer, busca a mesma sensação inúmeras vezes, do mesmo jeito, estamos ouvindo a mesma musica a milhares de anos e nem percebemos mais.
Esse homem só se sente reconfortado com coisas que já conhece, já lidou antes, mal ou bem, é o mestre da acomodação.

A religião da infância, a filosofia dos antigos pensadores, o curso de MBA de nome, moda da estação, grupos sociais para se inserir, botox.

E quando vai para frente é seguindo uma tendência, empurrado por uma onda, às vezes um tsunami, ele é arrastado, carregado, desempoleirado por uma nova/velha necessidade.

Quando jovens dizem que vieram mudar o mundo, a mente, a ideias, os costumes, mas seguem pela mesma via usada a milhares de anos, conforto, prazer, recompensa, aceitação, proteção, inserção. Com o passar dos anos aceitam ao que tem, felizes ou tristes.

Os poucos que realmente ousaram tiveram que enfrentar a dor, o sacrifício, o martírio, sabemos disso, a história é contada e recontada, nos admiramos por eles, mas realmente não os seguimos no dia a dia, com atitudes, em nossas ações mais mundanas.

Dizemos que amamos Jesus, mas temos inveja daqueles que fizeram fortuna, falamos com escarnio da top model da vez, mas enlouquecemos pelos nossos ídolos, queremos, podemos, desejamos, tudo de bom, todo o conhecimento, as oportunidades de todos, só não queremos pagar o preço.

Simplesmente não queremos andar centenas de quilômetros com novos sapatos que podem fazer nossos pés sangrarem, queremos a mudança vapt vupt, o "esforço-fácil", o prazer que até já não é tão prazer mas pode voltar a ser um dia.

E mesmo sentindo imensa dor emocional por uma vida sem valor e sentido, ainda assim não assumimos e provocamos as mudanças necessárias para que vivamos em plenitude.

Viramos mestres em colocar a ação fora de nós, na família, nas situações, no mundo, em outras pessoas, eles são os responsáveis, direcionadores, apoio e sustentação, como pessoas-galhos, dependemos das raízes-redes sociais.

Levamos centenas de sapatos, sapatilhas, tênis, chinelos, sandálias, botinas, congas e papetes velhas, cadarços amarrados em nosso peito, sufocando, pesando.

E nos tapeamos com mitos:
E a cabana, você já leu? - vai mudar sua vida!!!
Trazemos seu amor em 4 dias!

Pholia magra em capsulas ajuda a perder até 8 quilos!

2022, essa é a data final!

Seu mapa astrológico mostrou que Vênus vai estar em Urano a partir de março!

Jesus é a salvação!

água dourada resgata a memória de pureza de qualquer água!

O retinol recupera o vigor da sua pele em 15 dias!!!


Realmente não queremos mudar, mudar dá trabalho, cansa, nos obriga a sair do lugar comum, leva ao confronto, mexe no vespeiro, dá tontura, mudar não dá prazer imediato, a visão fica turva.

Para mudar precisamos de força, coragem, substância, analise, direção, persistência, abnegação, entrega, fé, constância, resistência, opinião, determinação, tudo aquilo que já temos mas utilizamos para ficar no mesmo lugar.

Amigo, faça algo!!

JOGUE FORA SEUS SAPATOS VELHOS!!!

Confraria dos comedores de merda


Quando um cachorro começa a comer fezes às vezes é porque tem alguma deficiência nutricional, essa falta vem do período de seu crescimento, não é de agora, e naquela época o animal passou a comer merda para tentar suprir o que lhe faltava.

Mas ser humano também tem dessas coisas, não são exatamente fezes substancia fisica mas merdas emocionais, mentais, sociais, até mesmo merdas religiosas, e isso começa cedo, na fase de descoberta e adaptação ao mundo.

Naquela época, na infância e adolescencia, as merdas eram colocadas como coisas comuns, de todos, normal e até fazia parte da condição humana, e a merda passou a ser bonitinha, esperada, necessária.

Tem merda maior do que ter vivido no paraíso e lá ter feito merda e por causa disso "caido" no mundo físico, onde temos que parir com dor, conseguir as coisas só com o suor do rosto, adoecer, sofrer da distância do paraiso, padecer dores cruciantes, nunca se achar filho Dele, morrer na duvida.

Ta Ok, vivemos numa mundo de lendas, antigas sim mas ainda moldam a lendas atuais, a vida atual, o ser que acorda, come, trabalha, busca, pergunta, se cala, casa, viaja, cria, destrói, escreve livros, tem filhos, se acossa, grita, nasceu e morre.

Foi lá trás na história da humanidade que essas coisas foram surgindo, eram tentativas de resposta as duvidas humanas, mas também ferramentas de controle e manipulação, foram sendo ampliadas ao passar das decadas, milênios, se tornaram regras.

Como adultos em tese teriamos condição de olhar para tudo isso e analisar a finalidade, função, direção de muitas idéias e formas de comportamento, teriamos capacidade de superar a ilusão do comum, tirar a venda ou levantar o véu da pseudo realidade.

No entanto a maior parte das pessoas não chega a questionar o objetivo e a intenção de coisas que estão por ai, fazem parte do mundo, é isso apenas, e o pior é que essas pessoas se unem e até criam grupos para estimular, ampliar e dar um belo verniz na merda que estão comendo.

Isso se tornou correto e não parece ser o que é porque se dão nomes que naturalmente não estão ligados a merda, mas as coisas mais glamourosas ou atraentes ou que parecem ter algum nexo.

Tem coisa mais patética do que pagar uma fortuna por um pó de café em que os grãos foram cagados por um marsupial ? E ainda se achar o maximo por poder compra-lo ?

Tem coisa mais estranha, num mundo em que nos assustamos e tentamos nos proteger da violência e sofrimento, do que pagar caro para assistir vale tudo na primeira fileira e com sangue pingando em todas direções ?

Tem coisa mais sem nexo do que adorar um Deus que dizem ser nosso pai, nos criou igual a ele, nos ama, mas mora bem distante, deixa a coisa desandar e ainda manda o fogo do ceú para nos destruir para nosso próprio bem ?

Tem coisa mais perigosa do que a erotização das crianças numa sociedade sem educação sexual correta, sem dialogo ou apoio familiar e cheia de pedófilos ?

E por que ficamos abismados mas também deliciados com os detalhes mórbidos e crueis do crime da vez ? Compramos a revista, vemos a entrevista, olhamos a tatuagem, comentamos com todos a nossa volta.

E tem tantas coisas mais, estamos numa sociedade chafurdada em excrementos, a magreza como expoente da beleza; o cigarro como passatempo; a lei punitiva e não educadora; a bebida aliada da alegria; o valor do ser humano medido pelo que consome e produz; botox para não envelhecer; o valor da mulher teta-grande-loira...

No momento estamos loucamente apegados a habitos perigosos, negamos nossa origem animal, nos mantemos afastados da natureza e destruirmos o próprio planeta do qual dependemos totalmente.

Resumindo : continuamos a fazer e comer merda

Perdendo a perda de tempo


Ontem enfrentei o conceito mais recorrente e viciante do nosso mundo atual, o "eu preciso fazer...", tem também a versão "eu ainda tenho que fazer....". 

Sabe o que é? 


Aquela coisa de estar assoberbado pelas tarefas, ter tanta coisa para fazer e tão pouco tempo, coisa de gente moderna, que tem aparelhos mil e tecnologia para deixar a vida mais fácil e simples mas não consegue.


O pensamento fica igual disco riscado, voltando e voltando, para as coisas que ainda precisam ser feitas, estão na lista das necessidades, ninguém fará por mim, já estão há algum tempo atrasadas..e por aí vai.


É mais um minuto e estou finalmente liberada para meditar ou eu leio aquele artigo interessante da revista de tarde ou agora não dá para fazer uma aplicação de reiki mas de noite ou no final de semana eu consigo elaborar minha rotina...e por ai vamos.


Todas as coisas do dia a dia  acabam sendo mais importantes, urgentes e necessárias do que a auto cura, o equilíbrio emocional ou resolver as velhas encrencas que nos incomodam tanto.


E a mente engana, ela lhe acena com um dia ou horário ou minuto imaginário em que finalmente vai ser possível relaxar, baixar a guarda da pressão e fazer aquilo que queremos tanto para nós mesmos, mas não conseguimos.


Pura enganação!!! Eu sei que é mentira, você sabe que é mentira, mas acreditar virou uma forma de deixar para lá.


O que não desconfiamos é que por trás disso estão os hábitos, os guardas da prisão dos conceitos, eles não permitem o vai e vem livre da ideia, estamos sempre fazendo um caminho pré determinado.


É inconsciente, quando você percebe já fez. 


Igual sair de carro para trabalhar - pronto, chegou! e nem sabe dizer ao certo como foi sair de casa, o caminho, os faróis....a mente facilita tudo colocando no automático.


Isso é porque temos muito o que pensar, muito a elaborar, é tanta coisa na cabeça da gente, se tudo fosse consciente seria super cansativo e daria um pane no cérebro.


Veja bem, o coração bate sem ninguém precisar mandar, o corpo produz inúmeras substancias necessárias para seu funcionamento, se auto regula, mas para isso precisa colocar algumas coisas na rotina do "nem vou pensar conscientemente nisso, vai no cheiro".


Fazemos coisas incríveis apenas por hábito, respondemos, avaliamos, perguntamos, reagimos, fugimos, enfrentamos, estranhamos ou não. 


Também deixamos de fazer muitas coisas por hábito, principalmente as coisas que não são ligadas a sobrevivência física, recompensa ou prazer imediato. 


E fazer tudo certinho é importante para a sobrevivência, ganhamos amor, amparo, aceitação, não vamos ficar sozinhos nesse mundo imenso e perigoso.


Somos treinados a ser fazedores, desde pequenos, instados a estar realizando coisas e coisas, também acumulamos feitos e com isso conseguimos status, sucesso profissional e naturalmente amigos.


Então todo dia eu fico me debatendo entre as coisas do dia, da semana, do mês, a casa, o quintal, o estudo, as cachorras, é tanta coisa, é tão pouco tempo, a vida é curta para curtir a vida.


Pois é! Ops, pois era! 


Era assim, nunca tinha tempo para uma auto aplicação decente, tinha é verdade a rapidinha, meio desleixada, na hora de dormir, ou aproveitando horas mortas como espera no dentista ou no ponto de ônibus, mas tudo semi intencional.


Então ontem eu me sentei, por uma hora e meia, consciente, determinada e direcionada a apenas fazer Reiki, dentro do plano de auto tratamento, como faria a um paciente.


Deixei de lado a roupa para lavar, o quintal que precisava ser limpo, os papeis bagunçados precisando de organização, sair para comprar uma mangueira nova e outras dezenas de coisas.


Deixei tudo para lá e apenas sentei para aplicar Reiki na pessoa mais importante do mundo, a unica que pode realmente mudar minha vida.


Só então consegui perceber a força que isso traz, sair do corre corre, da personagem do realizador, que é loucura mas é uma loucura comum.


A mente foi se desanuviando, o corpo foi relaxando, veio uma sensação de contentamento, a vida começou a parecer menos complicada, e eu comecei a me sentir mais capaz de lidar com tudo.


Apenas parar tudo e se aquietar. Um grande remédio, e já tão ensinado e debatido por iogues, monges, lamas, xamãs, pessoas conscientes, em tudo, presentes.


Ali estava eu, também presente e me presenteando com tempo para meu eu espiritual e suas coisas imponderáveis.


Isso deve ser o tal de observar o nada dos budistas, do voo do espirito dos xamas, sentir apenas a si mesmo, estar apenas consigo mesmo.


Hoje meu despertador interno tocou na hora do Reiki, a mente desligou tudo que ainda tinha para fazer e tão tranquila eu fui para a minha cadeira, mergulhar em mim mesma.


Hoje foi muito gostoso. Amanhã vai ser melhor.