terça-feira, 31 de agosto de 2010

A pilula dourada da felicidade



Muitos procuram a felicidade, mas parece que poucos realmente a obtem.

Nessa necessidade de completude vamos em busca de um par amoroso, um bom emprego, compramos uma casa, um carro, roupas bonitas, viajamos, estudamos, fazemos esporte, temos filhos, casamos.

Criamos todo um elaborado movimento para satisfazer nossas carências e desejos.

Trabalhamos, juntamos e gastamos dinheiro comprando tv, mobilia, um bom computador, mais um celular de ultima geração, livros.

No tempo livre vamos ao cinema, teatro, restaurantes, tiramos férias na praia, tentamos ter uma vida mais saudável e natural, então comemos alimentos integrais, meditamos, praticamos yoga, tai chi chuan, tratamos nosso corpo com homeopatia, ervas, acupuntura.

Vamos a igreja, grupo de cura, mosteiro, lemos a biblia, livros sagrados, estudamos o conhecimento antigo, fazemos jejum, paramos de comer carne, doamos dinheiro para a caridade, entramos numa religião ou filosofia, nos tornamos de jesus ou de buda ou maomé, frequentamos o daime, fazemos oferenda a divindades.

Tudo que estamos fazendo é uma tentativa de encontrar a felicidade verdadeira e evitar o sofrimento.

Então quando alguma coisa não sai conforme nosso plano ou quando não traz o beneficio e a sensação que esperavamos culpamos essa coisa, culpamos o objeto exterior do nosso desejo, e vamos em busca de outra coisa, como se existisse a "pilula dourada da felicidade".

Não há nada de errado em procurar relacionamentos, ter bens, fazer planos, o problema é que acreditamos que essas coisas são a causa da felicidade, porém elas não poderão ser, simplesmente porque não perduram.

Tudo muda constantemente e um dia desaparece - nosso corpo, nossos amigos, todas as nossas posses, nossa familia, os bens materiais - e nossa dependência a essas coisas impermanentes acabam, com o passar do tempo, nos custando desapontamento e dor, e não a satisfação.

Estamos sempre experimentando a felicidade com coisas exteriores, porém isso não nos liberta dos nossos problemas, é uma felicidade de qualidade inferior pois é inconstante.

Isso não significa que devemos abandonar tudo e todos, pelo contrário, o que precisamos é abandonar as falsas concepções e expectativas irreais sobre a capacidade dessas coisas e pessoas nos fazerem plenamente felizes.

A raiz do nosso problema esta na visão de que existem coisas boas ou más, feias ou atraentes, certas ou erradas, adequadas ou insatisfatórias, essa idéia delineia todas nossas relações com o mundo.

Raramente percebemos que o modo como vemos as coisas não correspondem ao que elas são de fato, a nossa imagem da "realidade" é exagerada, truncada, setorial, e as boas e más qualidades que vemos são criadas e projetadas pela nossa própria mente.

Mas existe uma felicidade duradoura, estável, e todos possuem o potencial para experimenta-la, esta felicidade está dentro do nosso próprio Ser, faz parte inerente da consciência desperta que sabe diferenciar as coisas exteriores de si mesmo.

Independente do caminho que tomamos agora tudo irá acabar, nada do que esta aqui, a nossa volta, ao nosso lado, se manterá, nossa história poderá ser contada por outros mas não eternamente vivida por nós.

Quando fazemos escolhas baseadas na totalidade não procuramos mais a satisfação imediata, a recompensa eterna, a muleta do amparo, a promessa futura, o apoio exterior, o prazer inconsequente, o status material, a perfeição fisica, deixamos de ser seguidores, adoradores de icones e nos tornamos livres e completos por si mesmo.

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