terça-feira, 20 de julho de 2010

CONHECIMENTO ANIMICO


Nos meus momentos de reflexão na madrugada, onde vou puxando o novelo de lã no labirinto da mente humana, vejo o despojo dos vencidos e o destroço dos vencedores, sinto algo que todos que passaram por aqui já sentiram - que somos capazes das maiores grandezas e mais absurdas atrocidades.

Nessa profunda luta para nos afastarmos daquilo que nos define como animais criamos toda uma civilização, ciência, arte, leis, desejando estar acima dos sentimentos mais básicos, duros e nefastos.

Encontro corredores escuros, portas travadas, ouço sussurros, musica decacofonica, sinto presenças, vejo sombras passando rapido, não parece um mundo conhecido, mas tantas vezes todos nós passamos por aqui.

Existe uma enormidade de erros e acertos dentro de mim, coisas que ultrapassam esse corpo ou esse momento, se faz em toda a vivência, treinamento e experiência dos nossos antepassados, eles gritam em nosso gens - Foi assim que eu sobrevivi !

Analisando as linhas desse código, lutas, perdas, alegrias, sofrimento, superação, vitória, tento separar aquilo que não é meu, mas veio a mim, o eco desse conhecimento de eras, tento criar uma identidade própria.

Não sou mais vocês !! Quero dizer com minhas atitudes em minha nova direção.
Não sou mais vocês mas respeito e agradeço todo esse livro que se descortina em meu corpo !! E agora com calma eu o leio nessa madrugada.

Meu corpo me conta de um tempo em que tinhamos que ter medo para sobreviver, em que a ansiedade nos preparava para o enfrentamento, em que os limites nos permitiam poupar forças, a desconfiança era comum num mundo estranho e perigoso.

Não eramos essas pessoas sentadas em frente a tv numa poltrona fofa, usando pantufas e pijamas felpudos e quentes, de oculos, beliscando besteiras e segurando um controle remoto.

Eramos pessoas de mãos asperas e calejadas pelo trabalho, de vida dura, desconfortável, geralmente famintos e cansados, corpos doloridos e marcados, constantemente apreensivos num mundo de criaturas agressivas e mortais.

Passando pelo vórtice dos milênios passados e voltando ao presente, vejo que apesar de toda evolução e cultura, ainda estamos diante de desafios abismais, ultrapassar a fronteira do conhecimento animico, introjetado e romper o casulo como um novo Ser.

Agora o labirinto perde suas paredes, sua forma de contenção, ele se expande, cada pessoa se transforma numa porta e minha vida de repente floresce não na busca da singularidade e distinção mas do pacto entre nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário