terça-feira, 27 de agosto de 2019

Quimica


Atualmente eu não gosto de tomar remédio para dor, mesmo esporadicamente, prefiro dormir, caminhar, gemer, fazer compressas, reiki, alongar, mancar pela casa e arranjar do que me ocupar, do que tomar remédio para dor.

Não sou uma daquelas hiper naturalistas, gente que é totalmente contra medicamentos alopáticos, eu fiz toda a quimioterapia sem pestanejar, sem piar, 12 aplicações, uma a cada 21 dias, fiz porque sabia que ela me daria uma chance.

Então meu caso não é odiar químicos, é medo de me viciar e ficar igual aqueles casos que parecem bem comuns nos Estados Unidos em que a pessoa começa a ser medicada por causa de uma dor forte e acaba viciada até todas as outras drogas.

Eu já tomei opiato de morfina, receitado pelo médico, com o aval da ciência, porque na época nada dava conta da imensa dor na coluna que irradiava para as pernas e genitais.

Fiz uma operação de hernia de disco, perdi peso,  exercícios físicos, yoga, meditava, mas nada conseguia me manter num nível mínimo de normalidade.

Quando você tem dor na hora de comer, trabalhar, passear, tomar banho, dormir, você não se sente minimamente humano, você é apenas a DOR DOR DOR DOR que vai e volta, lhe engana ao diminuir, lhe dá falsas esperanças, para depois lhe derrubar no comum.

Então eu tomei alguns anos de medicamentos, nem lembro mais ao certo quanto tempo, mas um belo dia, ao acordar eu senti aquela urgência do remédio, aquele frisson, e percebi que estava viciada e então parei, assim, de súbito, por mais de 20 anos.

A 3 dias eu voltei a me auto medicar pela dor que tenho sentido na ferida residual de varicela na perna, herpes zoster que vira úlcera e vai aumentando pela falta de circulação da imobilidade.

Não fui ao pronto socorro, não quero ir ao médico, estou cansada dessa dança desgovernada do meu corpo, essa auto sabotagem auto imune, essa tortura programada dentro dos meus gens, estou cansada do obvio, do vai e volta que não se resolverá.

Principalmente não quero muita coisa, não quero tomar o medicamento, não quero sentir dor, não quero ser alguém que tem um histórico quilométrico de distúrbios, doenças e situações complicadas, não quero me sentir cansada de mim mesma.

Mas ontem de noite não consegui dormir, o oposto do que tem sido por alguns meses em que consigo facilmente 10 horas de sono, pesado, esquecida de tudo e todos, fiquei me virando na cama, meditei, li, levantei, lavei louça, piscando de sono, mas choramingando de dor.

Então hoje novamente tomei o remédio para dor, forte, bem forte, ele me faz esquecer até a pessoa que esta aqui, descendo a ladeira da vitalidade física e torcendo para não ficar dependente de alguém, porque não tenho alguém, torcendo para conseguir sempre resolver minhas próprias coisas.

Queria ser corajosa, como já fui no passado....mas será que consigo???

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