quinta-feira, 30 de abril de 2015

MEDITARE


Meditar faz toda a diferença, mas meditar não é incluir algo como alguns realmente pensam, não é obter conhecimento, para isso tem os livros, aulas. Meditar é para afastar aquelas ideias inconvenientes, as vozes cobradoras persistentes, a ansiedade, o medo, o nervoso que nem permite a reflexão.

Meditar de manhã para mim é como tomar um banho, tira a modorra do sono e dá um pique bom para fazer as coisas, renova, liga na tomada da consciência superior e clareia os pensamentos enevoados, estica o campo de energia levando o corpo juntinho, alonga a vontade de resolver, realizar, estar no caminho certo.


Já meditar de tarde é como um lanchinho que você precisa para se reabastecer de energia, espanta a preguiça, relaxa cada parte do corpo que já esta meio saturada dos feitos e desfeitos humanos, traz a mente de volta para a amplitude a tirando da energia da gaiola dos maus hábitos e lembranças chatas ou doloridas.


De noite é tudo de bom, cala aquele chato interior que insiste em fazer relatórios de atividades para o dia seguinte e avalia, geralmente no aspecto pessimista, o que foi feito ou esquecido no dia que esta terminando. A meditação da noite é um suave toque para o sono tranquilo.


Mas eu também tenho minhas meditações relâmpagos, emergenciais, quando percebo que algo esta degringolando - a fome estranha que bate cartão mesmo depois de comer, a irritação que faz tudo ser mais complicado de fazer, a mente que de repente é tomada por pensamentos negativos persistentes. 


Fazer uma meditação de 5 a 10 minutos para aplacar o medo que surge de repente, a raiva que vai queimando o estomago ou a bexiga, a tristeza que desponta depois de uma musica, o espanto por ter visto uma violência. Meditar para dar uma limpada é bem melhor do que depois sofrer os efeitos acumulados dessas emoções negativas.


Então de vez em quando eu corro para o meu cantinho (leia-se poltrona) de meditação e apenas respiro, atenta que esta entrando ar, vibrante, puro, limpo, e saindo a coisa cinza e feia que surgiu ali. Silenciosamente no detox.


Também posso fazer uns 5 minutos de mantras, aquele que me apetecer na hora, vou recitando, sussurrando, cantando, às vezes até cuspindo as palavras, de tanto que a garganta pode fechar pela falta de ar, de chão, de razão, de equilíbrio.


Meditar para mim se tornou um excelente habito, como escovar os dentes, lavar as mãos, ler diariamente, comer frutas, caminhar, dormir cedo, não pegar friagem (coisa de vó) é um investimento a longo prazo, você se poupa de muitas dores e problemas futuros.


Fui apresentada formalmente a meditação aos 15 anos, fazendo um curso de meditação transcendental, depois conheci a meditação da Raja Yoga, mantras, meditação zen, meditações xamanicas e do reiki, cantos e orações. 


De lá para cá não esqueci de meditar, picado, pingado, de corpo e alma, em dias chatos e bons dias, as vezes mais, as vezes menos, na alegria e na dor, muitas por obrigação, em outras por gosto.


Trabalhando, cuidando de casa e filho o tempo para meditar era frugal e opcional, mas muito mais essencial, perdi ótimas chances de te-la como aliada para facilitar as obrigações e acalmar os músculos fatigados.


Então acabava ficando doente, lá ia eu para o hospital, enfim se abria tempo e espaço para meditar, ler, refletir, meditar novamente, respirar fundo e tirar os véus da ilusão, apego e outras besteiras da frente dos olhos.


Muitos anos depois mergulhei num tempo de tristeza, panico, a mente pulava tanto, o macaco louco, que não conseguia começar, manter, nem pensar em meditar. Era lembrada que existia meditação pelos outros, e ai me sentia traída pela minha alma, que aparentemente tinha saído de férias e esquecido meu corpo em algum reino infernal.


Mas isso também passou, a prisão da ilusão do medo e da tristeza, foi pouca a meditação, mas ela estava lá, abrindo espaço no meu corpo ou qualquer ponto menos machucado do meu ser para a luz e tranquilidade.


Foi complicado meditar durante o câncer, tinha tempo, tinha espaço, mas as vezes nem conseguia ficar sentada na cadeira, aprendi a meditar deitada no chão, na maca durante a quimioterapia, com gente perto, dentro do ônibus, enquanto vomitava, tremia ou estava cansada demais até para meditar, mas meditava, com certeza fez muita diferença.


Agora me dou o presente do tempo e espaço, com amor, prazer e alegria, medito não para ganhar algo, mas como bem disse Buda para perder.


E vou perdendo dia a dia a energia pesada que cultivei com minhas próprias emoções, ações e ideias ruins. Perdendo as minhas e as que estão por ai, que de vez em sempre eu capto, e os apelos sociais da pura ilusão do ego.


Nunca me disseram que poderia ser tão bom perder algo, pois então eu digo agora - PERDER PODE SER A MELHOR COISA DA SUA VIDA!


Meditare, meditare, meditare. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário