terça-feira, 27 de agosto de 2019
Nessas poucas horas
Nessas poucas horas passei por uma tempestade de emoções...raios, trovões, ventania, objetos, palavras, conceitos que voavam e batiam na janela da consciência...e o tempo todo repetia - ISSO VAI PASSAR!
Por experiência própria, tantas dores, entendidas ou não, assimiladas ou não, com motivos ou não, do mundo exterior para o interior e vice versa, compartilhadas ou solitárias....ISSO TAMBÉM VAI PASSAR!!!!
Já tive perdas pequenas, perdas grandes e significativas, perdas que não percebi e continuei vivendo, outras que almejei, planejei e realizei, perdas que não são expressas, quase tabus na sua forma de expurgo, outras hilarias que viraram piadas de salão.
Mas por viver tanto e por todo esse tempo atenta ou semi consciente, observando, elaborando, experimentando e questionando, posso dizer que são águas que se misturam, as emoções pessoais as emoções do mundo, criando uma pororoca de sensações, aquele barulho forte de fundo.
Nessas poucas horas sai de um estado de uma intensa pseudo parceria para uma quase catatonia, porque grandes enganos não se parecem grandes enganos, somente quando as paredes trincam nos perguntamos das fundações dessa estrutura.
Então foi assim, não vou continuar mentindo, eu projetei em você, como num cinemascope, meu sonho de tela em branco que desejava receber tudo aquilo, não quis ver que você já tinha fundos e mundos.
Agradeço a persistência e a coerência em não ser, em me manter, em perceber minha carência e profunda inconsistência e dar um basta nisso tudo.
Quimica
Atualmente eu não gosto de tomar remédio para dor, mesmo esporadicamente, prefiro dormir, caminhar, gemer, fazer compressas, reiki, alongar, mancar pela casa e arranjar do que me ocupar, do que tomar remédio para dor.
Não sou uma daquelas hiper naturalistas, gente que é totalmente contra medicamentos alopáticos, eu fiz toda a quimioterapia sem pestanejar, sem piar, 12 aplicações, uma a cada 21 dias, fiz porque sabia que ela me daria uma chance.
Então meu caso não é odiar químicos, é medo de me viciar e ficar igual aqueles casos que parecem bem comuns nos Estados Unidos em que a pessoa começa a ser medicada por causa de uma dor forte e acaba viciada até todas as outras drogas.
Eu já tomei opiato de morfina, receitado pelo médico, com o aval da ciência, porque na época nada dava conta da imensa dor na coluna que irradiava para as pernas e genitais.
Fiz uma operação de hernia de disco, perdi peso, exercícios físicos, yoga, meditava, mas nada conseguia me manter num nível mínimo de normalidade.
Quando você tem dor na hora de comer, trabalhar, passear, tomar banho, dormir, você não se sente minimamente humano, você é apenas a DOR DOR DOR DOR que vai e volta, lhe engana ao diminuir, lhe dá falsas esperanças, para depois lhe derrubar no comum.
Então eu tomei alguns anos de medicamentos, nem lembro mais ao certo quanto tempo, mas um belo dia, ao acordar eu senti aquela urgência do remédio, aquele frisson, e percebi que estava viciada e então parei, assim, de súbito, por mais de 20 anos.
A 3 dias eu voltei a me auto medicar pela dor que tenho sentido na ferida residual de varicela na perna, herpes zoster que vira úlcera e vai aumentando pela falta de circulação da imobilidade.
Não fui ao pronto socorro, não quero ir ao médico, estou cansada dessa dança desgovernada do meu corpo, essa auto sabotagem auto imune, essa tortura programada dentro dos meus gens, estou cansada do obvio, do vai e volta que não se resolverá.
Principalmente não quero muita coisa, não quero tomar o medicamento, não quero sentir dor, não quero ser alguém que tem um histórico quilométrico de distúrbios, doenças e situações complicadas, não quero me sentir cansada de mim mesma.
Mas ontem de noite não consegui dormir, o oposto do que tem sido por alguns meses em que consigo facilmente 10 horas de sono, pesado, esquecida de tudo e todos, fiquei me virando na cama, meditei, li, levantei, lavei louça, piscando de sono, mas choramingando de dor.
Então hoje novamente tomei o remédio para dor, forte, bem forte, ele me faz esquecer até a pessoa que esta aqui, descendo a ladeira da vitalidade física e torcendo para não ficar dependente de alguém, porque não tenho alguém, torcendo para conseguir sempre resolver minhas próprias coisas.
Queria ser corajosa, como já fui no passado....mas será que consigo???
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